DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM (DA): ATUAÇÃO DO PROFESSOR PARA A MELHORIA DO APRENDIZADO DOS ALUNOS

Ver PDF | Ver Impressão
por: Janaina Silveira Total leituras: 913 Nº de Palavras: 5312 Data: Fri, 11 Mar 2011 Hora: 1:45 PM 0 comentários

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM (DA): ATUAÇÃO DO PROFESSOR PARA A MELHORIA DO APRENDIZADO DOS ALUNOS

 

Silvia Janaina Silveira Gomes*

 

 

 

RESUMO

 

 

O presente artigo aborda a temática das dificuldades de aprendizagem no que diz respeito à atuação do professor na tentativa de minimizá-las e de propiciar aos alunos a construção do conhecimento de modo significativo. As dificuldades de aprendizagem apresentam-se como fatores determinantes do baixo rendimento escolar de muitos educandos levando-os, muitas vezes, à evasão e a repetência por não conseguirem aprender significativamente e acompanhar o desenvolvimento da turma na abordagem dos conteúdos curriculares. Assim, essa pesquisa busca, na atuação docente, os subsídios necessários para a promoção do aprendizado de alunos que tem dificuldades no processo de construção do conhecimento escolar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e para o seu desenvolvimento fez-se um levantamento bibliográfico delimitando os principais lócus de disseminação do conhecimento, tais como revistas e livros especializados, periódicos e bancos de dissertações e teses. Assim foi encontrado, em diferentes referências bibliográficas, o devido respaldo para a análise de como pode o professor atuar de modo a promover a aprendizagem de alunos com dificuldade em aprender.

 

 

Palavras-chave: Dificuldade de Aprendizagem. Professor. Aluno. Prática educativa.

 

 

INTRODUÇÃO

 

As dificuldades de aprendizagem constituem-se um dos principais entraves para a prática educativa e fator que pode determinar o fracasso, a repetência e a evasão escolar de muitos alunos.

Neste sentido, urge que se engendrem, no processo de educação, maneiras de se solucionar as dificuldades de aprendizagem e que propiciem, ao educando, a construção dos conhecimentos escolares de modo significativo. Dessa forma, não basta apenas que se conheça as principais dificuldades de aprendizagem e nem que se faça um diagnóstico na intenção de conhecer os alunos que sofrem com esse problema, mas deve-se buscar meios de solucionar essa problemática e de facilitar a aprendizagem dos educandos.

Neste sentido, o presente artigo tem por objetivo analisar como o professor pode facilitar o aprendizado de alunos com dificuldades em aprender; assim, buscamos, na atuação docente, um trabalho diferenciado capaz de minimizar as dificuldades de aprendizagem e de possibilitar aos educandos a aquisição dos conhecimentos escolares.

 

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM (DA): ENTRAVES PARA A PRÁTICA EDUCATIVA

 

É muito comum ouvir dos professores que, diante de todo o esforço que tem para ministrar aulas motivadoras e com elementos metodológicos diferenciados, seus alunos não se interessam pelos conteúdos, não gostam de estudar, não alcançam um bom rendimento escolar porque não se esforçam para aprender e que, por isso, tem notas insuficientes. Todas as justificativas possíveis são elencadas para descrever o problema da não aprendizagem e, via de regra, acaba-se culpando o aluno por não conseguir aprender.

No entanto, para além das opiniões de muitos docentes a respeito do baixo rendimento escolar dos educandos, pode-se encontrar fatores que exercem influência determinante no nível insuficiente de aprendizagem que alguns deles apresentam.

As dificuldades de aprendizagem são uma triste realidade que entrava a prática educativa e que, para que esta possa desenvolver-se de maneira adequada, necessita ser compreendida e percebida como um problema cuja solução pode ser encontrada, entre outros fatores, na própria atuação docente em sala de aula.

 

MAS O QUE SÃO MESMO AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM (DA)?

 

De acordo com Fonseca (1984, p. 228), “a dificuldade de aprendizagem é uma desarmonia do desenvolvimento normalmente caracterizada por uma imaturidade psicomotora que inclui perturbações nos processos receptivos, integrativos e expressivos da atividade simbólica”. Assim, a não aprendizagem dos alunos não pode ser simplesmente associada à ausência de interesse pelos estudos, mas deve ser compreendida como um problema cujas causas podem ser diversas e que influi, consideravelmente, na capacidade de aprender do aluno.

Neste contexto,

dificuldade de aprendizagem (DA) é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da recepção, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas (García-Sánchez, 1990, apud Pacheco, 2005, p. 47).

           

Desse modo, a dificuldade de aprendizagem se constitui como uma constante na prática educativa e afeta um grande número de alunos que acabam sendo mal compreendidos e vistos como estudantes desinteressados.

As dificuldades de aprendizagem impedem que o aluno aprenda de modo eficaz e se desenvolva plenamente junto à sua classe. Logo, se não forem diagnosticadas e tratadas a tempo, as DAs podem contribuir para a evasão e a repetência escolar posto que, se o educando não consegue aprender de modo significativo, pode sentir-se desmotivado, achar-se diferente em relação aos demais colegas de sala de aula e desistir de tentar construir os conhecimentos escolares, sendo reprovado, e até mesmo, abandonando a escola.

Smith e Strick (2001, apud Waldow; Borges; Sagrilo, 2006, p. 468) definem dificuldades de aprendizagem como problemas que afetam a capacidade cerebral de entendimento, recordação e comunicação de informações; sendo assim, “os alunos que apresentam essas dificuldades necessitam de uma atenção especial, de um trabalho diferenciado e o professor deve se preocupar com a sua metodologia de ensino”.

 

A ATUAÇÃO DO PROFESSOR PARA A MELHORIA DA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS COM DA

 

            Sendo o professor o mediador entre o conhecimento e o educando, sua tarefa não se restringe somente à abordagem dos conteúdos curriculares; ele deve tentar assegurar aos alunos a aquisição do saber, atuando de modo a perceber como se dá o aprendizado de seus educandos percebendo eventuais dificuldades encontradas por eles no processo de aprendizagem.   

            Segundo Waldow; Borges; Sagrilo (2006),

a aprendizagem é o processo de internalização dos conteúdos historicamente construídos e socialmente disponíveis. Esse processo se torna possível pela mediação [...]. Fica evidente que da qualidade das interações vai depender a qualidade da aprendizagem.

           

Tendo em vista a abordagem vygotskyana, é por intermédio da interação entre professor e aluno que ocorre a aprendizagem (REGO, 1995). Assim, mesmo diante das dificuldades que possam interferir no processo de aquisição do conhecimento por parte dos alunos, uma prática docente interativa e dialógica pode facilitar a aprendizagem do educando.

Nesta perspectiva, “a metodologia utilizada pelo professor irá influenciar grandemente em todo esse processo (de aprendizagem). O uso de metodologias alternativas pode contribuir para a superação de certas dificuldades de aprendizagem” (WALDOW; BORGES; SAGRILO, 2006, p. 469).

O ritmo acelerado de vida e a longa jornada de trabalho à qual o professor freqüentemente está exposto podem, por vezes, tirar-lhe a motivação necessária ao desempenho de sua função enquanto educador, porém, a profissão exige uma extrema doação capaz de ir além das adversidades cotidianas de suas vidas para a promoção da prática educativa. Logo, o professor necessita atuar de modo que os alunos possam sentir-se à vontade para aprender e para relatar as dificuldades de aprendizagem que possam encontrar no contexto escolar.

Neste sentido, faz-se necessário que o docente desenvolva um trabalho diferenciado, em sala de aula, na intenção de minimizar as dificuldades de aprendizagem para que a ação educativa se desenvolva e os alunos com DA possam construir seus conhecimentos significativamente. Assim,

as dificuldades de aprendizagem se constituem num desafio ao educador. [...] Superar as dificuldades de aprendizagem é garantir a esses sujeitos que a apresentavam a possibilidade de enfrentar a realidade de modo digno e consciente. As metodologias alternativas se colocam como possibilidades de trabalho orientado para essa superação, [...] para o desenvolvimento de atividades relevantes na construção do conhecimento (WALDOW; BORGES; SAGRILO, 2006, p. 472).

           

Um trabalho diferenciado feito pelo professor em sala de aula pode propiciar aos alunos com DA a construção do conhecimento de uma forma menos traumática e, certamente, muito mais prazerosa. Segundo Correia (2008, p. 16),

para os alunos com DA, [...] há que considerar um conjunto de factores que podem facilitar a sua aprendizagem, como são, por exemplo, a reestruturação do ambiente educativo; a simplificação das instruções no que diz respeito às tarefas escolares; o ajustamento dos horários; a alteração de textos e do trabalho de casa; o uso de tecnologias de informação e comunicação; a alteração das propostas de avaliação.

           

Pequenas mudanças no ritmo trabalho docente podem significar grandes avanços para os alunos com DA no que tange à construção dos conhecimentos escolares e, mais do que isso, podem evitar que eles desistam de estudar e sintam-se fracassados e atrasados em relação aos colegas e promover nesses educandos a sensação de que são capazes de aprender mesmo diante de todas as adversidades.

 

PERCURSO METODOLÓGICO

 

            Haja vista o objetivo de analisar como o professor pode facilitar o aprendizado de alunos com dificuldades em aprender, optamos por realizar uma pesquisa bibliográfica numa perspectiva qualitativa. De acordo com Bogdan e Biklen (1994) a pesquisa qualitativa é uma fonte direta de dados no ambiente natural na qual o pesquisador se constitui no principal instrumento, interessando-se mais pelo processo do que pelos resultados, examinando os dados de maneira indutiva e privilegiando o significado.

Segundo CHIZZOTTI (1991, p. 127), a investigação que requer utilizar “a bibliografia quer indicar que o pesquisador pode encontrar uma farta documentação para desenvolver a própria pesquisa e resolver os problemas teóricos e práticos que essa exigir”. Desse modo, seguiu-se uma análise do material bibliográfico na tentativa de contemplar o objetivo elencado para o presente estudo e alcançar resposta à problemática que pretende analisar como a atuação do professor pode promover a aprendizagem de alunos com DA.

 

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            Alunos com DA podem aprender tanto quanto outros alunos que não tem esse problema; além disso, a educação, sendo um direito assegurado pela legislação desse país, deve ser promovida a todos os indivíduos de modo indistinto. Talvez um dos maiores empecilhos para a aprendizagem de alunos com DA seja a falta de informação, o preconceito e até mesmo a ausência de uma consciência no docente de que ele tem em mãos ferramentas poderosas para ajudar os educandos que sofrem por não conseguirem aprender tal como outros colegas.

            Não pretendemos aqui excluir a necessidade, em alguns casos, de tratamento específico para os alunos com DA, mas exortamos acerca  da possibilidade de minimizar o problema a partir da atuação docente, de uma diferenciação em seu trabalho tendo em vista possibilitar que os educandos com DA possam, pouco a pouco, construir os conhecimentos necessários ao seu sucesso escolar.

            A literatura aponta para a atuação do professor como um fator capaz de promover a aprendizagem de alunos com DA. Sendo assim, pode-se inferir que a função do docente deve ir muito além da abordagem dos conteúdos curriculares; deve procurar adentrar o universo do aluno na tentativa de perceber como ele está aprendendo e se há entraves para que a aprendizagem ocorra e, de posse dessas informações, buscar novas maneiras de lecionar e metodologias de trabalho diferenciadas que visem ao aprendizado de todos os alunos de sua classe, dando um enfoque especial àqueles que encontram maiores dificuldades para aprender.

 

REFERÊNCIAS

 

BOGDAN, Roberto; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em educação. Portugal: Porto Editora, 1994.

 

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.

 

CORREIA, Luís de Miranda; MARTINS, Ana Paula. Que determinará o sucesso escolar de um aluno com DA? – Biblioteca Digital – Coleção Educação. Porto Editora. 2008.

 

FONSECA, Vitor da. Uma Introdução às dificuldades de aprendizagem. Lisboa:

editorial notícias, 1984.

 

PACHECO, Lílian Miranda Bastos. Diagnóstico de Dificuldade de Aprendizagem?! Trabalho apresentado na XXXV Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia, Curitiba – SC, outubro de 2005. Temas em Psicologia da SBP—2005, Vol. 13, no 1, 45– 51.

 

REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 17 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.

 

WALDOW, C.; BORGES, G. S.; SAGRILO, K. G. S. Dificuldades de aprendizagem: possibilidades de superação fazendo arte. Synergismus scyentifica UTFPR, Pato Branco, 01 (1,2,3,4) : 1-778,2006.

 

 



* Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Pós-graduanda em Mídias na Educação (UESB) e Psicanálise Clínica (CETEL). Professora da rede municipal de ensino de Itororó-BA.

Sobre o Autor

Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Pós-graduanda em Mídias na Educação (UESB) e Psicanálise Clínica (CETEL). Professora da rede municipal de ensino de Itororó-BA.




Pontuação: Não pontuado ainda


Comments

No comments posted.

Add Comment