RELAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (EAD) NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR

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por: Janaina Silveira Total leituras: 748 Nº de Palavras: 6084 Data: Fri, 11 Mar 2011 Hora: 1:50 PM 0 comentários

RELAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (EAD) NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR

Silvia Janaina Silveira Gomes*

 

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo analisar a relação ensino-aprendizagem na educação à distância no contexto do ensino superior. Tendo em vista que a EaD constitui-se um importante recurso para as pessoas que necessitam obter uma graduação, mas não tem tempo para frequentar aulas presenciais por conta, principalmente, do trabalho, faz-se necessário que se analise como ocorre o ensino e a aprendizagem em cursos à distância. Numa pesquisa bibliográfica de cunho buscou-se compreender o contexto da relação de ensino e aprendizagem na educação à distância. Assim, foi evidenciado que não há déficits diretos na qualidade da aprendizagem quando o aluno realmente se dispõe a estudar – ainda que tenha tempo limitado para isso – e ausência do contato com o professor não se constitui um empecilho para a ocorrência da aprendizagem.

 

Palavras-chave: Educação à Distância. Relação Ensino-Aprendizagem. Ensino Superior.

 

INTRODUÇÃO

 

            A educação à distância (EaD) se constitui uma modalidade de ensino que tem sido buscada por um número cada vez maior de pessoas que almejam concluir uma graduação, mas não dispõem de tempo para frequentar uma universidade cujo sistema de ensino é presencial. Assim, o sonho de concluir o nível superior tornou-se, para as pessoas que por conta do trabalho e do ritmo acelerado de vida não podem frequentar uma faculdade presencial, um importante recurso para alcançar seu desejo.

            No entanto, a crescente procura pela EaD tem suscitado inúmeros debates acerca da relação ensino-aprendizagem num ambiente onde não há a presença direta de um professor e as aulas não acontecem diariamente. Neste contexto, onde se vê a necessidade que as pessoas que não podem frequentar cursos presenciais tem de estudar e o impasse em relação ao aprendizado nessa modalidade de ensino, como se estrutura a relação ensino-aprendizagem na educação à distância no contexto do ensino superior?

 

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

 

            O mundo contemporâneo demanda novas formas de ensinar, e conseqüentemente de aprender, que sejam capazes de moldar-se às inovações nos modos de vida que emergem no cotidiano das sociedades. Desse modo, a prática educativa teve que se adequar às necessidades das pessoas que não dispõem de tempo para frequentar uma universidade com sistema de ensino presencial.

            De acordo com Moran (2002), a educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, na qual alunos e professores estão separados espacial e/ou temporalmente. É, desse modo, ensino-aprendizagem onde educadores e educandos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias de comunicação.

            O método de educação à distância propicia, assim, por intermédio do uso de tecnologias, tais como a televisão e o computador, um ensino onde o ambiente de uma sala de aula convencional é reproduzido num âmbito onde professores e alunos tem o contato mediado por mídias e as aulas não ocorrendo em todos os dias da semana; dessa forma, o direito à educação é estendido às pessoas que, por conta principalmente do trabalho, encontravam-se à margem do sistema educacional.

            De acordo com Moore (1996 apud VIEIRA; LOPES, 2006), o diferencial da educação à distância está em propiciar ao educando a escolha do próprio local e horário de estudo. A probabilidade de se gerar produtos customizados, ajustados e adaptados às necessidades dos clientes, possibilitam ganhos em tempo e adequação no atendimento as demandas específicas, que não estejam contempladas a contento em estruturas educacionais tradicionais.

Neste contexto a educação à distância se constitui uma forma de proporcionar àqueles que não podem frequentar uma instituição de ensino superior com aulas presenciais, a oportunidade de cursarem uma graduação e assim, poderem atuar no mercado de trabalho, estando melhor preparados para o exercício de suas funções e com a chance de obterem melhores remunerações.

Pode-se justificar a existência da educação à distância a partir da ideia de Peters (2001, p. 196) que acredita

nas exigências contemporâneas de uma valorização do estudo na idade adulta. Na criação de formas alternativas adicionais de estudo. Na consideração do estudo como elemento integrante da vida e da atividade profissional, pois, em geral, esse modo de estudo é realizado paralelamente à vida privada e à atividade profissional, integrando a vida pessoal, profissional, tempo livre e alguns casos com a aposentadoria, valendo citar que estes não se excluem mutuamente, mas se complementam.

            Assim, a educação à distância oferece às pessoas que não podem frequentar uma universidade regular, a oportunidade de estudar, concluir uma graduação e adquirir conhecimentos válidos tanto para suas vidas como para o mercado de trabalho.

 

ENSINO E APRENDIZAGEM À DISTÂNCIA

 

            A educação à distância é uma modalidade de ensino onde a aprendizagem é mediada por tecnologias de comunicação; logo, a atuação docente dá-se de forma não presencial o que não implica prejuízos à prática educativa, pois, a relação ensino-aprendizagem, não acontecendo de modo presencial, implica maior responsabilidade e atenção de ambos os sujeitos da prática educativa – professor e aluno.

            O contato entre educador e educando em sala de aula não determina a ocorrência da aprendizagem; assim, o que concorre para que o aprendizado ocorra não é a presença do professor no local onde acontece a aula, mas a forma como este se posiciona como mediador entre o conhecimento e os alunos.

            Segundo Pretti (2002, p.68), a estrutura da educação à distância é

mais complexa, às vezes, que um sistema tradicional presencial, visto que exige não só a preparação de material didático específico, mas também a integração de “multimeios” e a presença de especialistas nesta modalidade. O sistema de acompanhamento e avaliação do aluno requer, também, um tratamento especial. Isso significa um atendimento de expressiva qualidade.

            Nesta conjuntura, o ensino à distância não gera déficits de aprendizagem pelo fato de não haver contato direto entre professores e alunos, pois, de acordo com Freire (2005) ensinar não se constitui uma transferência de conhecimento, mas a criação de condições para sua ocorrência; logo, o que determina a aprendizagem não é a presença direta do educador no ambiente educacional, mas os métodos utilizados e a forma como são criadas as condições para que ela ocorra.

            No âmbito da educação à distância a relação educativa se define como uma prática comunicacional, na qual os agentes da educação aparecem como mediadores do conhecimento; isso possibilita que se criem novas formas de aprender a aprender em espaços de aprendizagem colaborativos.

            Neste contexto, no ambiente da educação à distância, professor e aluno são encarados como parceiros idôneos do processo de aprendizagem, o que possibilita as trocas individuais e a construção de grupos que interagem e, ao mesmo tempo, constroem conhecimentos.

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

            Haja vista o objetivo de analisar a relação ensino-aprendizagem na educação à distância no contexto do ensino superior, optou-se por desenvolver uma pesquisa qualitativa que, de acordo com Chizotti (1991), possibilita evidenciar o grau de complexidade dos fenômenos singulares e suas contradições e o caráter imprevisível e original das relações interpessoais.

            Nesta perspectiva, a pesquisa qualitativa é uma fonte direta de dados no ambiente natural na qual o pesquisador se constitui no principal instrumento, interessando-se mais pelo processo do que pelos resultados, examinando os dados de maneira indutiva e privilegiando o significado (BOGDAN; BIKLEN, 1994).

 

CONCLUSÕES

 

            É fato que ainda há muitas especulações acerca da educação à distância, como há também dúvidas no que tange à aprendizagem dos alunos inseridos nessa modalidade de ensino. Muitas pessoas acreditam que a ausência do professor possibilita um ensino de baixa qualidade e, conseqüentemente, uma aprendizagem aquém do desejado. No entanto, foi possível perceber, a partir da realização dessa pesquisa, que a relação ensino-aprendizagem em um ambiente de educação à distância ocorre de modo satisfatório; não há prejuízos no ensino e nem tão pouco na aprendizagem.

            Acredita-se que a aprendizagem resulta da mediação do professor entre o conhecimento e o aluno e isso foi evidenciado no âmbito da EaD. O fato de o educador não ter contato direto com o educando não inviabiliza a prática educativa e nem causa déficit de aprendizagem nos acadêmicos.

As metodologias utilizadas pelo professor no ensino à distância são capazes de despertar o interesse dos graduandos e de propiciar-lhes a construção do conhecimento, cada com seu ritmo e tempo próprios, tal como ocorre no ensino presencial.

Assim, não se evidenciou nenhum entrave para a aprendizagem no ambiente da educação à distância; pelo contrário, foi possível perceber que a utilização de novas tecnologias proporciona maior desejo de construir conhecimentos, desperta a atenção e beneficia a ação educativa.

Tendo em vista o avanço tecnológico e a necessidade de propiciar o direito à educação a todas as pessoas, é preciso que a prática educativa evolua e se transforme para atender às novas demandas sociais e trabalhistas, de modo que seja capaz de abranger todos os indivíduos que, cedo ou tarde, decidem – ou tem a oportunidade – de cursar o ensino superior.

 

REFERÊNCIAS

 

BOGDAN, Roberto; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em educação. Portugal: Porto Editora, 1994.

 

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.

 

MORAN, José Manuel. O que é educação à distância. 2002. Disponível em www.eca.usp.br/prof/moran/textosead.htm Acesso em 04/12/2010.

 

PETERS, Otto. Didática do ensino a distância: Experiências e estágios da discussão numa visão internacional. Tradução de Ilson Kayser. Rio Grande do Sul: Unisinos, 2001.

 

PRETTI, Orestes. Fundamentos e políticas em educação à distância. Curitiba: IBPEX, 2002.

 

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação.  São Paulo: Atlas, 1987.

 

VIEIRA, Ehuinder Fernandes; LOPES, Maria Angela Soares. A Educação a Distância e as Ferramentas de Aprendizagem. 2006. Disponível em http://www.humus.com.br/news_novembroa.htm Acesso em 05/12/2010.           

           

 



* Pedagoga licenciada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Pós-graduanda em Mídias na Educação (UESB) e Psicanálise Clínica (CETEL). Professora da rede municipal de ensino de Itororó-BA .

E-mail para contato: naiajana@hotmail.com

Sobre o Autor

Pedagoga licenciada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Pós-graduanda em Mídias na Educação (UESB) e Psicanálise Clínica (CETEL). Professora da rede municipal de ensino de Itororó-BA . E-mail para contato: naiajana@hotmail.com




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